Segundo o Canal Rural, o ano de 2022 registrou queda de aproximadamente 11% no consumo per capita de carne bovina no Brasil ante o ano passado. Segundo especialistas, é o menor consumo per capita verificado nos últimos 10 anos. Otimismo no mercado é visto somente a partir de 2023.
Os desafios e as oportunidades do mercado bovino de Mato Grosso foi um dos pontos discutidos em Rondonópolis no último sábado (17) no 1º Encontro Técnico Pecuária de Corte. O evento foi uma iniciativa da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac).
Coordenadora da Inteligência de Mercado do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Monique Kempa, comenta ainda ser visto no mercado interno uma estagnação no consumo, em especial diante dos altos patamares de preços encontrados nos supermercados.
“No médio prazo esperamos uma retomada. Uma melhora muito por conta da taxa de desemprego, que tem recuado no país como um todo, e também do rendimento dos brasileiros, que começam a se elevar”, explica Kempa.
Apesar da conjuntura para médio prazo poder favorecer o consumo, a especialista do Imea revela que para 2022 as projeções são de estagnação na aquisição de carne bovina por parte do brasileiro.
“No ano de 2022 tivemos um dos menores consumos per capita de carne bovina no Brasil. Isso é reflexo da pandemia. Como em 2022 não teve essa injeção de incentivos do governo, tivemos um recuo ainda maior no consumo per capita”, frisa Kempa.
O ano de 2023 é visto com esperança pelo setor da pecuária bovina. “2023 parece que vai ser um nó bem diferente de 2022. As perspectivas no geral é que alguns rebanhos têm sido reduzidos e outros têm crescido. Brasil, China e Índia são rebanhos que estão crescendo. Serão grandes players do mundo nos próximos anos”, salienta gerente de Relações Institucionais da Acrimat, Nilton Mesquita Junior.
Outra expectativa é quanto às exportações com a abertura de novos mercados e a retirada da vacina contra a febre aftosa, que pode abrir mais portas para a população brasileira, em especial a mato-grossense.
A coordenadora da Inteligência de Mercado do Imea comenta que em relação à pecuária o momento é de mudança do ciclo. A orientação é que o pecuarista esteja atento a tal fato. “Viemos de um momento (2021) de maior retenção de fêmeas. Isso trouxe um pico nos preços, mas desde os últimos meses temos visto uma inversão de ciclo. Uma maior oferta de fêmeas entrando no mercado e isso está trazendo um impacto sobre os preços, que estão em queda”, conforme Kempa.
A questão do valor pago pela arroba do boi ao produtor é destacada, também, como um dos problemas hoje da pecuária pelo gerente de Relações Institucionais da Acrimat, Nilton Mesquita Junior. “Tivemos um ano de boas notícias com mercados novos sendo abertos e as exportações subindo. O problema é que a arroba está sendo paga no valor de dois anos atrás. A gente tem uma defasagem nos valores da arroba justamente junto com o achatamento do produtor”, diz o representante da Acrimat.