Segundo Lygia Pimentel, médica veterinária, economista e consultora para o mercado de commodities, em entrevista da Forbes, ao analisar a produção de carne, é necessário puxar os dados de um mês antes para ver se existe uma antecipação das indústrias a essa possível maior demanda que existe em junho e julho.
E de fato a produção de carne em anos de eleição e Copa do Mundo costuma acelerar em meados de maio. Então, analisando historicamente esse mês, foi possível perceber uma aceleração, mas muito pequena, em torno de 0,25% de produção a mais. Ou seja, não é nada que faz muita diferença.
Já quando olhamos o consumo doméstico, a gente vê o consumo doméstico mais ou menos mais alto entre junho e julho e uma movimentação grande de vendas no varejo ao longo dos meses. Então tem um aquecimento do consumo.
Quando a gente olha o abate de animais, que tem tudo a ver com a produção, a gente observa que não tem uma grande diferença no volume, a não ser em maio, quando ocorre um aumentozinho.
Em junho, esse abate costuma cair, possivelmente por pontos facultativos — o pessoal para ver um pouquinho dos jogos e a gente sabe que a movimentação do Brasil, que é um grande torcedor, acaba tendo algum efeito sobre o volume de abates. E a indústria parece já se preparar melhor para essa demanda um pouquinho maior em junho e a atividade menor em junho.
Olhando as exportações, de todos os indicadores, elas são de fato a única variável que parece mostrar uma reação mais interessante ao longo dos meses de Copa do Mundo. Por que isso?
Falando com a indústria, a gente entende que com o bom desempenho do Brasil nos jogos, ou não, mas essa grande torcida global que torce pelo país, um efeito do destaque e das premiações que já recebeu, aquece o branding da carne brasileira lá fora e acaba trazendo um pouco mais de demanda em termos de exportações para esse mês.
Normalmente, tem mais reflexo em julho, porque os pedidos acontecem em junho, quando a competição começa, e os embarques são realizados efetivamente entre um mês ou 45 dias depois.
Sob ponto de vista do preço do boi gordo, que é aquilo que mais interessa o pecuarista, o preço do boi não sofre grandes variações. Então a gente não pode esperar grandes altas vindas em decorrência do ano de Copa do Mundo focados nesses meses em que o campeonato é realizado.
Mas há um efeito de aproximadamente 1,5% sobre o preço da carne no varejo. Então a gente tem um pouquinho de demanda a mais. As festividades aquecem e empolgam o consumidor que vai comprar no supermercado, mas a indústria normalmente já se antecipou e abasteceu, o que acaba não impactando muito no preço do boi durante os meses de competição.
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