Em 2021, a oferta de boi gordo foi bastante restrita, principalmente no primeiro trimestre, seguindo os passos de 2020. Isso se deu devido ao impacto da seca prolongada do segundo semestre de 2020, que afetou a qualidade das pastagens e retardou o desenvolvimento dos animais, que só estarão aptos ao abate no final do segundo trimestre do ano. A retenção de fêmeas ficou parecida com a do ano passado, ou seja, sem um número significativo desses animais seguindo para o abate.
Durante todo o ano, um problema para a oferta de gado terminado foram as restrições aos frigoríficos durante a pandemia, com os abates ainda mais retraídos em 2020. Segundo o Imea, a escala de abates no Mato Grosso permaneceu entre quatro e cinco dias em março, sendo que no ano anterior esteve em torno de sete dias.
Em novembro de 2021, houve ainda o embargo da China à carne brasileira, o que resultou em queda no percentual de exportação, fechando o mês com um resultado negativo. Ao se tratar de números, o Brasil negociou com o exterior 81,174 mil toneladas, muito abaixo das 167,736 mil toneladas negociadas em novembro de 2020, ou seja, retração de 51,6%.
O ano de 2021 foi interessante para a pecuária brasileira e para 2022 dois pontos devem ter atenção do setor, a alimentação para o gado e as exportações. A avaliação é do presidente do Instituto Desenvolve Pecuária, Luis Felipe Barros, que destacou questões importantes sobre preço, custos e mercado internacional.
A expectativa de Barros é de que ocorra uma reação importante em relação ao preço do boi gordo. Ao fazer uma retrospectiva do ano, lembrou que até maio os valores cresceram muito com terneiros sendo vendidos a R$ 17,00, mas a partir de julho teve início uma queda, chegando a R$ 10,50 no final de setembro.
No entanto, de outubro em diante, começou uma reação muito forte e o preço do boi gordo encerrou a primeira semana de dezembro em R$ 23,00. Neste cenário, é preciso entender que existem momentos de alta e de queda das cotações e o pecuarista deve sempre fazer uma análise do mercado.
Conforme Barros, o que mais pesa hoje no bolso do pecuarista, especialmente para quem confina, é a questão da alimentação. “Com isso, muito confinamento acabou saindo do mercado e hoje tem mais animais semi-confinados ou que estão em pastagens. Vamos ver se com o preço reagindo e não subindo o farelo de soja, arroz e milho que são alimentos base dos confinamentos, consiga haver mais gado retido nessa forma de criação”, avaliou.
Em relação às exportações, Barros destacou que o preço do gado consegue reagir com um cenário de retorno da China, vendas mantidas para Estados Unidos e Europa e abertura do mercado russo. Também ressaltou a possibilidade do mercado de importação de gado vivo se constituir de uma forma mais horizontal, uma vez que comprou muito em 2020 e pouco em 2021. “Com este cenário, teríamos a certeza que o valor poderia chegar facilmente entre R$ 28,00 e R$ 29,00”, estimou.
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