O setor de logística de e-commerce está usando uma nova estratégia para se aproximar dos clientes: o selo de carbono neutro, que compensa a emissão de gás poluente com apoio a projetos ambientais certificados. Pouca gente se dá conta, mas fazer uma compra pela internet sem sair de casa também gera poluição. A maioria dos veículos usados na entrega emite gases do efeito estufa.
Esse é só um dos setores que o selo de carbono neutro tem ganhado espaço. Ele surgiu com a carne em um momento onde o setor pecuário estava procurando formas mais sustentáveis de produzir em meio a uma equação desafiadora: a população demandando cada vez mais alimentos, energia e outros recursos, que precisam ser produzidos com cada vez menos agressividade em relação ao meio ambiente e à saúde de quem os consome.
Desenvolvida pela Embrapa, a carne carbono neutro é um selo de certificação da produção de bovino de corte em sistemas com a plantação obrigatória de árvores como diferencial. Neste sistema, as árvores neutralizam o metano entérico, exalado pelos animais e um dos principais gases causadores do efeito estufa.
A carne que contiver o selo CCN é reconhecida quanto à neutralização do metano entérico. Além disso, é uma forma de referenciar uma produção com conforto e bem-estar animal, uma vez que as árvores oferecem sombra na pastagem — o que implica dizer que métodos de confinamento não estão aptos a receber essa certificação.
Os produtores que desejarem usar o selo do conceito devem adaptar sua produção pecuária. Os principais parâmetros a serem observados são: compromisso de implantação do projeto de sistema de IPF/ILPF, avaliação técnica da emissão de carbono da propriedade, cálculo de carbono fixado na área, cálculo da neutralização das emissões e garantia do estoque de carbono.
Além do ganho ambiental, adotar o conceito CCN pode auxiliar na exportação e na possibilidade de agregar valor à carne. Isso é especialmente relevante para o mercado europeu, que é bastante exigente e que, em virtude de fatores econômicos e culturais, consegue valorizar esse tipo de produto com mais frequência do que em outros locais, a exemplo do próprio mercado nacional. A primeira linha de produtos no país com a certificação de carne carbono neutro foi lançada em 2020 e, com o tempo, se expandirá por todo o território brasileiro.
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