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Solo mais fértil do mundo: um estudo feito no Brasil



No Brasil, os solos caracterizados como Terra Preta de Índio (TPI) estão a ser estudados pela Embrapa Amazônia Ocidental, num projecto que envolve também alunos da Universidade Estadual do Amazonas. Terras Pretas de Índio (TPI) é a denominação regional na Amazônia para os solos que apresentam horizontes superficiais escuros.


Estudos demonstraram que a origem destes horizontes é antrópica (resultante de ação humana), ocasionada principalmente pelo acúmulo de resíduos orgânicos e uso do fogo na sua carbonização.


As TPIs apresentam também elevada fertilidade, contrastando com os solos adjacentes, destacando-se os altos teores de fósforo, cálcio, zinco e manganês, além dos elevados estoques de carbono orgânico nestes solos, com estimativa de até cem vezes superiores aos solos adjacentes.


O objetivo da pesquisa é criar um modelo de formação e evolução das TPI para depois reproduzir semelhantes taxas de fertilidade. Atualmente, existe já um produto que reproduz as características férteis da Terra Preta, o muito falado Biochar, o resultado da pirólise de biomassa.


Através do método de combustão sem oxigênio (sem produção de CO2), os resíduos orgânicos são transformados numa espécie de carvão, uma concentração enorme de carbono, que pode ser espalhada pelo solo. O solo mais rico em carbono é também o mais fértil, uma vez que o carbono é a base de toda a matéria orgânica.


Resumindo, pegamos em resíduos, queimamos produzindo energia, retiramos o carbono do ciclo, reduzindo o aquecimento global, e, no final, ficamos com o melhor fertilizante do mundo.


As pesquisas do Projeto Terra Preta, que tem autorização para realizar atividades de escavação arqueológica e de prospecção de solos, pretendem continuar a descobrir a origem das características daquele tipo de solo, que faz com que a Amazónia seja a maior e mais densa floresta do mundo.


As Terras Pretas de Índio, encontradas também no México e na África, têm, no caso da Amazónia, várias teorias para a sua origem, avança a EcoAgência. Há quem diga que está relacionada com os povos ancestrais pré-colombianos, mas poderão ser o resultado de cinzas vulcânicas dos Andes ou da sedimentação de lagos durante os períodos geológicos terciários.


Um maior conhecimento sobre a sua utilização poderia acabar com as terras inférteis e até com a fome, uma vez que os solos antes vistos como impróprios para cultivo poderiam ser utilizados para a agricultura, o que preveniria o derrube de árvores para ganhar terreno e, simultaneamente, aumentaria a produção de alimentos. O estudo da Embrapa pretende adquirir mais conhecimentos num assunto que ainda não é muito conhecido, mas poderá ser a chave para a agricultura sustentável nos trópicos.


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